Tudo começou como uma espécie de hobby, obviamente: desde muito fui fascinado pela análise de redes sociais e me aventurava analisando elementos isolados em algumas aplicações voltadas às questões mais, digamos, mercadológicas das redes – especialmente quanto à presença de marcas e questões afins -, mas nunca sobre os fluxos informacionais nas redes. Foi acompanhando o trabalho do professor Fábio Malini, do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (LABIC) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que despertei para a análise de grandes volumes de dados a partir de uma perspectiva mais, digamos, visual.
Não é algo fácil ou simples, adianto: não bastam as estratégias e técnicas de sistemas prontos. Digamos que engatinhei – e ainda engatinho – para aprender a lidar com tais bases. Entre 2016 e 2018 comecei a estudar especificamente os fluxos de informação gerados pelo Twitter e, interagindo com o API daquela rede, passei a estudar um pouco como as conversações naquela rede geravam algumas respostas sobre o comportamento da opinião pública – ou mesmo como esta se equilibrava através daquela rede reproduzindo o que acontecia fora dela.
Este era meu ponto.
A partir daí passei a me dedicar mais e mais à análise de tais fluxos. Comecei a estudar e utilizar o aplicativo de geração de grafos Gephi e seus diversos plugins: com isso passei a visualizar os dados e seus movimentos – e, ainda, seus atores e como estes se inseriam enquanto formadores/propagadores de conteúdos e discursos. Em um país como o Brasil, tal análise implica ver a fragmentação desses nossos dias.
A imagem acima foi o resultado visual das interações colhidas a partir do Twitter e da hashtag #CPIdaCovid, quando do depoimento de Mayra Pinheiro à Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado Federal que investiga às omissões do governo Jair Bolsonaro na condução das ações de combate à pandemia de Covid-19 no Brasil. Dentre outros elementos, o que se sobressai nesta nuvem é o isolamento do governo em relação ao fluxo de informações relacionados à comissão e à pandemia.
Esta me parece uma das principais características deste tipo de análise: a possibilidade de termos o dimensionamento de tais fluxos e perceber como estes se articulam.
É com isso que venho trabalhando desde meados de 2020 e que pretendo trazer parte desses estudos para cá, estabelecendo, sobretudo, um panorama de como as redes se movimentaram inicialmente quando do surgimento da pandemia e como esta tem se comportado nos últimos meses.
Sigamos…