Enquanto o The Intercept Brasil segue desnudando os bastidores da Republiqueta Bananeira de Curitiba, talvez devessemos atentar para o redesenho que as revelações que a equipe comandada por Glenn Greenwald vem promovendo no cerne da própria prática jornalística e nos fundamentos de uma deontologia da profissão por aqui.
Desde o domingo, quando liberou partes da grande reportagem que promete devassar as relacões espúrias mantidas pelo ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro, o procurador e coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba Deltan Dallagnol e membros da força-tarefa da mesma operação, o The Intercept Brasil recorre a diferentes fundamentos jornalísticos que, senão esquecidos, pairavam sobre uma névoa que ignorava sua existência.
Não só a questão do sigilo sobre tudo o que diga respeito às fontes das informações/denúncias publicadas pelo site, mas sobre os detalhes de como estas mesmas informações são apresentadas, seus detalhes, seu impacto e como este dialoga com o compromisso ético de informar com clareza, sem subterfúgios ou arestas.
Se a partir de domingo diferentes jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão se desdobram para compreender o que proveu o The Intercept com o conteúdo sensível que ora tem sido revelado – criando culpados, sugerindo possibilidades ou mesmo adotando narrativas as mais non-sense -, a verdade é que a publicação tem se mostrado uma fortaleza na manutenção de seu protagonismo jornalístico e ético.
Ainda é cedo para afirmarmos os impactos que estas reportagens terão nos planos jurídico, político e social, mas o que tem sido mostrado e o que se apresenta como possível/passível de publicação pelo site aponta para um caminho sem volta.
Parabéns ao The Intercept: vocês são os donos da narrativa e, durante muito, esta sequência de eventos e publicações alimentarão os cursos de Jornalismo…