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Fargo, a Série, periga se tornar tão importante quanto Fargo, o Filme…

Fargo, A Série

Foi-se o tempo dos Enlatados. Vivemos uma nova Idade de Ouro da TV, obviamente, e, com ela, produções que têm nos feito perceber que a narrativa de ficção para TV pode ser elaborada, complexa, cativante e, de quebra, nos fazer reféns de suas múltiplas possibilidades – inclusive àquela de reciclar o que fora produzido para outros meios. Este é o caso de Fargo, do canal FX, e de From Dusk to Dawn, da Netflix, que readaptam para as telas de TV narrativas ficcionais consolidadas no Cinema.

Fargo, uma das muitas e criativas crias dos irmãos Joel e Ethan Coen para o Cinema, é de longe das melhores realizações neste novo filão das “cine-series” – quando narrativas ficcionais cinematográficas são transpostas para outros meios com a manutenção de muitos dos seus argumentos originais – e parte disso se deve ao fato dos próprios Coen participarem como produtores-executivos da série.

Entretanto, apesar do nome Fargo emprestado do filme dos Coen, a trama por trás da série é original e deve pouco à sua “inspiração” na tela grande. Este me parece, de longe, um dos principais pontos da série: buscar novas narrativas possíveis ambientadas em um espaço ficcional possível – e, creio, por isso, se distância claramente de outras séries que começam a apostar em tal filão potencial.

Billy Bob Thornton

Mas, voltemos à série… Como sua irmã dos cinemas, Fargo, a Série, é humor negro derramando por todos os poros.  Somos apresentado ao matador de aluguel Lorne Marvo (Billie Bob Thornton, de O Homem Que Não Estava Lá dos Irmãos Coen) atravessando a pacata Bemijdi, no Minnesota, quando se envolve em um acidente ao atropelar um cervo que atravessa seu carro na estrada. O que se segue é um homem desesperado, nu, escapando do porta malas do carro de Marvo e correndo em direção a uma clareira tentando escapar do matador para, depois, morrer como um picolé.

Conhecemos também o vendedor de seguros Lester Nygaard (interpretado por um impecável Martin Freeman de Sherlock O Hobbit) que reencontra um valentão dos tempos da escola e termina em um hospital da cidade com o nariz quebrado. No hospital, Nygaard tem um encontro com Marvo… A partir deste, os problemas de Lester apenas começam, já que Marvo se propõe a “resolver” seu drama pessoal com um “velho amigo”.

Martin FreemanÉ estranho, mas é a relação entre extremos e caricaturas que pontua esta série. Se em um extremo temos o pacato Lester Nygaard e sua descoberta de que interiormente não é tão pacato assim, no outro temos um matador niilista que não se faz de desentendido ao envenenar todos ao redor com o simples intuito de ver o colapso generalizado daqueles com que cruza.

Mas, antes de mais nada, é preciso reafirmar: como o filme original, Fargo é uma série violenta em doses nada homeopáticas e com litros de sangue jorrando por todos os lados. Porém, como a criação original dos Coen, é dona de um singular humor negro que é, sobretudo, vibrante.

No seu lugar, procuraria assistir esta série o mais rápido possível e, mais, torcer para que ela se torne mais um exemplo desta tal Era de Ouro da TV que ora vivenciamos, afinal, pelos primeiros seus episódios, periga se tornar tão indispensável quanto o filme que a inspira.

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