Uma listinha de um dos cantores brasileiros que mais admiro e que, como muitos, partiu um pouco antes da hora. Sérgio Sampaio é um dos meus favoritos e esta lista é de um disco que considero seminal: Tem Que Acontecer
Esse tal de Indie…
Mais uma playlist marota procês se divertirem e tirarem uma xinfra, cambada!
Fargo, a Série, periga se tornar tão importante quanto Fargo, o Filme…
Foi-se o tempo dos Enlatados. Vivemos uma nova Idade de Ouro da TV, obviamente, e, com ela, produções que têm nos feito perceber que a narrativa de ficção para TV pode ser elaborada, complexa, cativante e, de quebra, nos fazer reféns de suas múltiplas possibilidades – inclusive àquela de reciclar o que fora produzido para outros meios. Este é o caso de Fargo, do canal FX, e de From Dusk to Dawn, da Netflix, que readaptam para as telas de TV narrativas ficcionais consolidadas no Cinema.
Fargo, uma das muitas e criativas crias dos irmãos Joel e Ethan Coen para o Cinema, é de longe das melhores realizações neste novo filão das “cine-series” – quando narrativas ficcionais cinematográficas são transpostas para outros meios com a manutenção de muitos dos seus argumentos originais – e parte disso se deve ao fato dos próprios Coen participarem como produtores-executivos da série.
Entretanto, apesar do nome Fargo emprestado do filme dos Coen, a trama por trás da série é original e deve pouco à sua “inspiração” na tela grande. Este me parece, de longe, um dos principais pontos da série: buscar novas narrativas possíveis ambientadas em um espaço ficcional possível – e, creio, por isso, se distância claramente de outras séries que começam a apostar em tal filão potencial.
Mas, voltemos à série… Como sua irmã dos cinemas, Fargo, a Série, é humor negro derramando por todos os poros. Somos apresentado ao matador de aluguel Lorne Marvo (Billie Bob Thornton, de O Homem Que Não Estava Lá dos Irmãos Coen) atravessando a pacata Bemijdi, no Minnesota, quando se envolve em um acidente ao atropelar um cervo que atravessa seu carro na estrada. O que se segue é um homem desesperado, nu, escapando do porta malas do carro de Marvo e correndo em direção a uma clareira tentando escapar do matador para, depois, morrer como um picolé.
Conhecemos também o vendedor de seguros Lester Nygaard (interpretado por um impecável Martin Freeman de Sherlock e O Hobbit) que reencontra um valentão dos tempos da escola e termina em um hospital da cidade com o nariz quebrado. No hospital, Nygaard tem um encontro com Marvo… A partir deste, os problemas de Lester apenas começam, já que Marvo se propõe a “resolver” seu drama pessoal com um “velho amigo”.
É estranho, mas é a relação entre extremos e caricaturas que pontua esta série. Se em um extremo temos o pacato Lester Nygaard e sua descoberta de que interiormente não é tão pacato assim, no outro temos um matador niilista que não se faz de desentendido ao envenenar todos ao redor com o simples intuito de ver o colapso generalizado daqueles com que cruza.
Mas, antes de mais nada, é preciso reafirmar: como o filme original, Fargo é uma série violenta em doses nada homeopáticas e com litros de sangue jorrando por todos os lados. Porém, como a criação original dos Coen, é dona de um singular humor negro que é, sobretudo, vibrante.
No seu lugar, procuraria assistir esta série o mais rápido possível e, mais, torcer para que ela se torne mais um exemplo desta tal Era de Ouro da TV que ora vivenciamos, afinal, pelos primeiros seus episódios, periga se tornar tão indispensável quanto o filme que a inspira.
O mal-estar nada aparente em Everyday Robots de Damon Albarn
Damon Albarn é um gênio da música. O foi quando esteve no Blur, se tornando onipresente através da década de 1990, e o fora também nos anos 2000 com seu Gorillaz. Sim, Albarn é gênio. Entretanto, ainda que em sua condição de bardo, isto não significa dizer que seja infalível. Esta tal falibilidade é posta à prova com sua recente investida solo, o disco Everyday Robots.
Digamos assim, sem muitos rodeios: o disco é de um mau humor monumental. Não que tal idéia seja algo ruim. Ao longo da última década tivemos toda uma produção do Radiohead, hipsters e outros sujeitos do gênero mostrando o lado soporífero da Força, mas, especialmente quando escutamos o disco de Albarn e o lamento que o atravessa, é inevitável dizer:
– Moço, menos ardor com as chibatadas, tá!?
Everyday Robots é um disco chato. Não é apenas mau humorado ou “mala” – como, por exemplo, o álbum Portishead de 1997 que, de longe, é o meu favorito quando o motivo são os dissabores do mundo -, é simplesmente chato. Dispensável, pra falar a verdade: mais parece uma sessão perdida de alguém com os cotovelos inchados parida de uma audição do The Fall do Gorillaz.
Dou um desconto por ser a primeira investida “solo” de Damon Albarn – mesmo que as aspas se mostrem necessárias para afirmar isso, afinal, o sujeito atravessou a última década com mais projetos do que minhas mãos podem contar. Mas é só um desconto breve porque, do apanhado de músicas destes Everyday Robots, creio que pouco se salva – sem contar que mais parece uma sessão perdida do projeto Kinshasa One Two.
Dentre aquelas que se sobressaem, entre seus mortos e feridos, está a faixa-título. Everyday Robots, a música, estabelece uma certa conversa com um outro projeto anterior de Albarn: o álbum de Bobby Womack, The Bravest Man in The Universe. É estranho, mas a chave de resposta para que possamos compreender o quanto este Everyday Robots, o álbum, é irregular está justamente na profusão de idéias que atravessa a trajetória de Albarn.
Se nas duas últimas décadas ele se fez onipresente – seja colaborando com outros ou criando projetos buscando a expansão de sua verve criativa -, esta tal não se mostra em seu disco-solo. Hostiles parece ter saído de algum momento do The Good, The Bad & The Queen; Lonely Press Play, de suas experimentações hipertecnológicias para o The Fall; Mr. Tembo, de algum momento do Plastic Beach…
No fim, como disse no início, mesmo gênio, Albarn peca neste Everyday Robots por apresentar uma espécie de apanhado de sua última década, mas envolvida pelo signo da irregularidade. No fim, um disco chato: por isso, prefiro esperar a segunda vinda de Damon Albarn…
Bioshock Infinite ou “O Que Está no Alto é Como o Que Está Embaixo”
Talvez cometa algum pecado por isso, mas acredito que Bioshock é a franquia de jogos definitiva: a melhor de seu gênero e a mais criativa narrativa já concebida para o universo dos games. Acabo de concluir o terceira aventura da franquia, Bioshock Infinite, e não consigo encontrar adjetivos o suficiente para dar conta da sensação que o jogo me causou.
– Ô, véi: é só mais um FPS – dirão. Porém, desde o primeiro Bioshock e seu enredo distópico e calcado em um estética mesclando steampunk – com a atmosfera retrô cinquentista e um ar noir sempre à espreita – me senti envolvido não apenas pela jogabilidade, mas pela narrativa que os estúdios 2K desenvolveram – naquele primeiro momento, para a cidade submarina de Rapture seus “autômatos”, suas crianças bizarras e insanos idem.
A questão é que, depois de uma segunda aventura em Rapture, a 2K resolveu inovar e expandir um pouco mais a narrativa. Daí que fomos brindados com Bioshock Infinite, terceira aventura da franquia e, com ela, descobrimos a cidade nas nuvens de Columbia e seus moradores que decidiram se afastar dos mundanos e seguir o messiânico Zachary Comstock rumo aos céus.
Uma coisa precisa ser dita: o trabalho de arte e recriação da estética dos anos 20 produzida pelo estúdio para Bioshock Infinite impressiona: uma cidade inteira nas alturas regida pela perspectiva tecnológica da revolução indústrial e suas grandiosas máquinas à vapor. Além disso, a trama é de uma complexidade narrativa inebriante.
Encarnando o detetive particular Booker DeWitt, o jogador é apresentado à grandiosidade de Columbia e seus devotados moradores. DeWitt está à procura de jovem Elizabeth – também conhecida como “a Ovelha de Columbia”: uma misteriosa garota que foi sequestrada pelo reverendo Zachary Comstock e aprisionada no alto de uma torre protegida pelo monstro Songbird.
Agora, imagine uma cidade de fiéis fundamentalistas que de uma hora para a outra descobrem que você é a encarnação do mal. Pois bem, este é o mote dos primeiros momentos de Bioshock Infinite: DeWitt é perseguido e atacado por moradores que o têm como a verdadeira ameaça divina enviada para destruir o sonho criado pelo por Comstock. A partir daí, somos apresentados aos conflitos que movimentam Columbia e sua verve sulista – especialmente a luta de Comstock contra os revolucionários da Vox Populi (um grupo que luta contra a segregação e degradação que atinge às camadas menos favorecidas da “cidade dos céus”).
Bioshock Infinite tem um roteiro repleto de mudanças, de transformações e transições vertiginosas. Alías, a vertigem é parte da jogabilidade deste game e este é um dos seus grandes achados. Toda a ação de Bioshock Infinite acontece em uma cidade construída nos céus e conectada por linhas de metal semelhantes àquelas utilizadas em carrosséis. O jogador, logo nos primeiros instantes de Bioshock Infinite é presenteado com um dispositivo que, além de servir para nocautear ou decapitar seus oponentes, permite que ele deslize por tais linhas e imprima no jogador uma sensação de vertigem constante.
Além de seus ganchos, DeWitt conta com as armas que coleta ao longo de seu caminho ao resgate de Elisabeth, os estranhos vigores – garrafas que ele coleta pelo caminho e que concedem àquele que as bebe poderes e a possibilidade de criar armadilhas fatais para seus inimigos – e os equipamentos que podem ser combinados para garantir maior eficiência contra os ataques dos muitos inimigos que surgem por toda Columbia.
A criação deste mundo imaginário é algo a parte no jogo: é evidente o esforço dos desenvolvedores da 2K, especialmente quando analisamos este Bioshock Infinite, para a criação de uma experiência de sonho, combinando diferentes elementos de ficção científica em uma narrativa/atmosfera cativante em vários aspectos. Tomemos por exemplo a sequência final do jogo: a aventura termina em um verdadeiro emaranhado metafísico onde presente, passado e futuro dialogam em suas infinitas possibilidades – e todo estes emaranhado ficcional nos leva ao cerne da história.
A questão não estava na busca por alguém ou algo, mas nas revelações imbutidas em tal busca. Bioshock Infinite, como o próprio nome sugere, se transforma em algo além, interligando todas as aventuras anteriores da franquia em uma espiral complexa de eventos. Este me parece o principal mérito do jogo: estimular no jogador não apenas o apego à narrativa apresentada, mas como esta se relaciona com as demais histórias que compõem tal universo ficcional.
Bioshock Infinite transformou verdadeiramente sua franquia quando deciciu expandí-la ao infinito. Palmas para seus desenvolvedores por apresentar uma aventura de primeiríssima linha e, porque não, indispensável.
Um pouco de Nova Psicodelia…
Um gênero que simplesmente venho acompanhando nos últimos tempos é a tal New Psychedelia – ou Nova Psicodelia, se preferir. Bandas como Harlem, The Flaming Lips, The War on Drugs, The Black Angels ou Black Lips são alguns do exemplos que se enquadram neste gênero.
Pensando nisso, vai uma lista do gênero procês e que venho cultivando com aquilo que acho bacana na tal “Nova Psicodelia”. Aproveitem, mas preciso lembrar que acrescentei algumas bandas que julgo pertencerem ao lugar das citadas acima. Curtam…
É tempo de Copa, mas…
A Copa no Brasil terminou muito antes de ter começado. Uma das minhas primeiras recordações da infância é da Copa de 1982: lembro das casas decoradas, ruas pintadas e um sentimento de que aquele esforço valia a pena – especialmente porque a Seleção estava jogando e que tudo aquilo representava um ideal, um sentimento compartilhado de realização coletiva. Me parece, no entanto, mesmo quando comparado com aquele sentimento em relação ao Mundial de 2010 na África do Sul, que a Copa é natimorta: fala-se em investimentos, legado, retorno, mas, o tal sentimento de realização coletiva, que seria o mais significativo, sequer mostrou-se.
Uma pesquisa divulgada no dia 22/04/2014 deu a dimensão de tal sentimento ausente: 83% dos brasileiros, aponta o levantamento da Associação Comercial de São Paulo, disseram que não realizariam gastos adicionais para a Copa do Mundo. Significa dizer que a maioria da população não comprará uma TV nova, sofá ou pretende contribuir para deixar sua rua ou condomínio preparados para os jogos da competição.
Uma outra pesquisa, desta vez do Datafolha, apontou que cerca de 55% dos brasileiros acredita que a competição trará mais prejuízos que benefícios para o país. Além disso, a mesma pesquisa mostra uma divisão entre os favoráveis e contrários à competição no país: 44% dos brasileiros são favoráveis à realização da Copa contra 41% contrários – e 10% da população sem dar a mínima para ela. São números expressivos e que à sua maneira atribuem o contorno do que ora percebemos nas ruas.
O brasileiro, no geral, graças à maneira como a organização da competição se deu em nosso país, expressa sua descrença em um país que é eterno projeto em um projeto mal conduzido. A Copa do Mundo no Brasil detinha todas as componentes para mostrar o que temos de melhor: nossa diversidade, alegria, carinho e prazer em acolher. Entretanto, graças a todos, as ruas permanecerão sem cores, sem bandeiras e sem o tal sentimento compartilhado de realização coletiva que tanto nos alimentara em momentos anteriores.
O que resta da Copa do Mundo de 2014 no Brasil é a expressão de um outro sentimento comum e igualmente compartilhado: de que falhamos coletivamente. Aceitamos o engodo e passamos a pensar o Mundial não como um povo, mas como a Fifa, vendo-o mais como um negócio e não como oportunidade para expressar aquilo que reconhecemos como nosso melhor: nossa unidade.
A Copa do Mundo no Brasil foi perdida e ela nem mesmo começou. Que venha uma outra fora daqui para que possamos exorcizar este sentimento que incomoda, mesmo ilhado.
Hipertecnologias e educação
Podem afirmar em contrário, mas a maneira como as hipertecnologias, seus dispositivos e ambientes, são empregados quando associados à educação geralmente me levam ao sono. Na verdade, especialmente neste quesito, a distância que separa “mestres” e “pupilos” é gritante.
Provavelmente o grande salto para a educação e seu diálogo com o entorno hipertecnológico recente somente ocorrerá quando esta distância entre alunos e professores for superada e o instrumental colaborativo-tecnológico ora disponível se consolidar em uma verdade que transponha os usos e a imprevisibilidade destes – ora nas mãos das maiorias – se transformando em um outro instrumental: este a serviço da promoção, difusão e distribuição do conhecimento através e além das salas.
Esta, me parece, a fronteira a ser superada quando procuramos encarar os processos educacionais e o diálogo destes com as hipertecnologias: cada educador precisa reconhecer contemporaneamente que as diferentes telas são algo incontornáveis. Aceitá-las, adotá-las e expandí-las, envolvendo-as com mais e mais saber, se tornará regra.
Quando reconhecermos tal condição, as paredes das salas e aqueles dentro delas descobrirão o quão valioso é aquele instrumento hipertecnológico, colaborativo e libertário que trazem em suas mãos.
As 10 Melhores Histórias do Batman
E não é que o Batman, aquele detetive sombrio criado por Bob Kane e Bill Finger, chegou aos 75 anos de existência!? Foram muitas as transformações sofridas pelo personagem até os dias de hoje – desde o estilo camp do seriado e de muitas de suas histórias nas décadas de 50 e 60, passando pela profunda reformulação de sua imagem nas décadas de 80 e 90.
Entretanto, foi devido a tais transformações que o herói conseguiu sobreviver todo esse tempo – mesmo que, como tantos, tenha tido que morrer uma vez e ser imobilizado uma ou duas por seus arqui-inimigos. Pensando nisso, imaginei um breve lista daquelas que considero as melhores histórias já escritas do personagem – sem me preocupar com qualquer aprofundamento em torno desta análise: aventuras que fundamentaram, reformularam ou mesmo expandiram ou homenagearam o personagem.
Enfim, é mais uma lista e ponto. Aproveitem…
10. Batman: Morte em Família
Um belo dia Jason Todd, o Robin da vez, terminou por encher o saco do pessoal da DC Comics e, bem, estes decretaram que ele deveria partir desta para melhor. Porém, escrita por Jim Starlin e ilustrada por Jim Aparo, pode ser considerada como uma das melhores sagas já escritas para o morcegão – mesmo que à toque de caixa, claro.
Depois de uma discussão, Jason Todd decide partir em busca de sua mãe – até então desaparecida. A questão é que “no meio do caminho tinha um Coringa; tinha um Coringa no meio do caminhoa”: Todd é capturado, brutalizado e, por fim, morto em uma explosão – para desespero do Batman, que o encontra já morto e o carrega nos braços em uma das mais icônicas páginas das Histórias em Quadrinhos.
Na boa, Morte em Família é um clássico absoluto, mesmo que as motivações por trás do arco não sejam as melhores…
9. Planetary/Batman: Noite na Terra
Uma das minhas favoritas desde sempre, Planetary/Batman: Noite na Terra é, sobretudo, uma bela homenagem à mitologia do morcegão. Quando a equipe do Planetary viaja até a cidade de Gotham City para localizar um homem chamado John Black – enolvido em uma série de estranhas mortes.
Chegando à cidade e recepcionados pelos investigadores responsáveis pelo caso, Elijah Snow, Jakita Wagner e o Baterista logo ficam cara-a-cara com Black. Porém percebem que as mortes provocas por Black resultam de um distúrbio no tecido do espaço-tempo.
Como descobrem isso? Dão de cara com o Batman em pessoa – mas não apenas um, mas várias versões do personagem. O grande barato em Planetary/Batman: Noite na Terra é o jogo que Warren Ellis e John Cassaday fazem com a mitologia do Batman através dos tempos. Além disso, a história concebida por Ellis é um clássico imediato tanto para a mitologia do Batman quanto para o próprio Planetary.
8. Batman: O Messias
Acorrentado, dopado e fragilizado. Este é o Batman que emerge das primeiras páginas de Batman: O Messias. Escrita por Jim Starlin e ilustrada por Bernie Wrightson, a história é impressionante: acordado de um pesadelo, jogado nos esgotos de Gotham City, Batman descobre-se derrotado pelo Diácono Joseph Blackfire que vem arregimentando uma horda de mendigos, sem-teto e outros párias para “limpar” as ruas da cidade.
Batman: O Messias de certa maneira expande a transformação promovida por Frank Miller em Batman: O Cavaleiro das Trevas, uma vez que apresenta um personagem humano e distante do infalível e destemido detetive enbuçado. O roteiro de Starlin é afiado e os desenhos de Bernie Wrightson transformam esta aventura em algo indispensável.
7. Batman: O Longo Dia das Bruxas
Esqueça todo o blá-blá-blá sobre o tal assassina Feriado: o que importa em Batman: O Longo Dia das Bruxas é Harvey Dent. Da primeira à última frase deste arco, o que vemos é a ascensão de um dos principais vilões do Batman. Não por acaso, os assassinatos que atravessam a história contada por Jeph Loeb e Tim Sale – por este último embalada em uma atmosfera noir impressionante – são pequenos lembretes que se reunirão no climax que as páginas finais da série reservam.
Também não foi pro acaso que vemos muito da série em The Dark Knight do diretor Christopher Nolan: de longe, o melhor filme já feito sobre o Batman. A série é um deleite visual e narrativo e, por isso, merece o seu lugar em nossa lista.
6. Batman: O Filho do Demônio
Sabe aquela história que você sabe que provavelmente renderá um porrilhão de histórias igualmente bacanas? Pois bem, se na última década você acompanhou o trabalho que Grant Morrison desenvolveu com o Batman, você certamente deveria dar uma olhada no que Mike W. Barr e Jerry Bingham fizeram com Batman: O Filho do Demônio.
Na história, Batman une forças com Ra’s Al Ghul contra uma organização terrorista comandada por um ex-aliado de Al Ghul: Qayin. Barr ao longo da revista, além do conflito entre a Liga dos Assassinos com Qayin, explora a paixão que Talia Al Ghul nutre pelo Batman e ela revela que está esperando um filho dele. Tudo degringola, Qayin ataca o QG da Liga, Talia é ferida, o Batman derrota o vilão e se despede da filha de Ra’s.
O resultado é conhecido: alguns anos depois Grant Morrison solta Damian, o Filho do Batman, para o mundo. A verdade é que Batman: O Filho do Demônio é daquelas revistas que mudam cronologias e, por isso, é uma das dez mais…
5. Batman: Xamã
Esta é mais um dos arcos que acompanharam a reformulação pós-Cavaleiro das Trevas e pós-Crise nas Infinitas Terras: Batman: Xamã é mais um capítulo que conta a história da ascensão do personagem e se coloca imediatamente após Batman: Ano Um.
Xamã mostra um Batman ainda aprendendo com seus erros e um deles foi a tentativa de capturar o assassino Thomas Woodley. Acompanhado por um caçador de recompensas, Bruce Wayne segue Wooodley às montanhas mas é atacado por este: Woodley despenca para a morte e o futuro Batman fica perdido no frio das montanhas.
Resgatado por um grupo de índios, Wayne é curado pelo xamã da tribo. De volta a Gotham e já atuando como o Batman, o detetive se vê às voltas com um grupo de adoradores de uma seita. Batman descobre que a seita tem vínculo com a tribo que o acolhera quando de seu resgate nas montanhas.
Provavelmente o que mais chama a atenção em Batman: Xamã é a apresentação de um Batman reticente, inseguro. Escrita por Dennis O’Neil e ilustrada por Ed Hannigan, Xamã é de longe uma das melhores histórias já contadas sobre o personagem e, mais, sobre sua evolução.
4. Batman: Asilo Arkham
E eis que Grant Morrison e Dave McKean aprontam um dos clássicos absolutos do herói. O Asilo Arkham é tomado por seus “moradores” e o Batman é convocado para lidar com a situação: ameaçando matar uma garotinha, o Coringa obriga o Batman a entrar no asilo e participar de disputa por sua sobrevivência contra seus maiores vilões.
O texto de Grant Morrison mira em uma vertente: até que ponto o Batman pode resistir ao ter sua sanidade desafiada até o ponto de “quebrar”? Como o Coringa interroga, ele não deveria estar junto aos demais internos do Arkham? Além disso, somos apresentados ao que se esconde nas paredes do próprio asilo – uma séria casa em um sério mundo, como diz o subtítulo da graphic novel – e à história de Amadeus Arkham e sobre como o morcego paira sobre o asilo desde suas fundações.
Em Batman: Asilo Arkham, Morrison não só expande os limites da mitologia do personagem mas, contando com a arte igualmente insana de McKean, nos lembra que, antes de mais nada, o Batman possui demônios que o qalificariam para uma boa estada junto com os demais insanos do Arkham. Entretanto, em um séria casa, alguém precisa manter as chaves sob controle…
3. Batman: Ano Um
Um ano depois de causar o maior alvoroço em torno do personagem com o seu O Cavaleiro das Trevas, Frank Miller e David Mazzucchelli resolveram sacudir novamente o universo do personagem recontando sua origem. Batman: Ano Um veio na esteira de reformulações de uma DC Comics pós-Crise Nas Infinitas Terras e do esforço por recontar as origens de seus principais personagens.
Diferente do Batman de O Cavaleiro das Trevas, Miller e Mazzucchelli mostram um personagem frágil, inseguro, mas determinado a combater o crime pelas ruas de Gotham – mesmo que para isso tenha que pagar um preço – no início de sua trajetória até meter sua bota nos queixos do Superman…
A dupla Miller-Mazzucchelli vinha de um outro sucesso astrondoso com o Demolidor no arco A Queda de Murdock para a Marvel Comics. Batman: Ano Um se propunha não apenas a apresentar o personagem e sua origens, mas em explicitar seus elementos fundamentais e como aqueles primeiros anos atravessariam sua jornada de combate ao crime.
Não é por acaso que Batman: Ano Um está na gênese de Batman Begins, de Christopher Nolan – tanto que uma das cenas da HQ (o resgate do filho do Comissário Gordon) é literalmente reproduzida nas telas. Batman: Ano Um é, sem dúvida, um dos clássicos indispensáveis do personagem.
2. Batman: O Cavaleiro das Trevas
E foi em fevereiro de 1986 que Frank Miller decidiu lançar um sopro de renovação no velho morcegão e chacoalar o pequeno mundinho do personagem de cima a baixo. Batman: O Cavaleiro das Trevas foi o grande responsável por estabelecer as características do personagem às portas do novo século.
Miller lançou as bases para que muitos autores expandissem a mitologia do Batman e pistas para que sujeitos como Alan Moore e Grant Morrison lançassem toda a sorte de possibilidades narrativas, focando nas fragilidades, valores e medos do personagem.
A Gotham City de Batman: O Cavaleiro das Trevas é parte de um mundo em permanente de tensão, já que na realidade da série, a Guerra Fria não acabou e o ainda presidente Ronald Reagan crê que combater os soviéticos é o que realmente importa – e o Superman é tão somente um mero instrumento contra isso.
Em Batman: O Cavaleiro das Trevas temos um Bruce Wayne que pendurou a capa do Batman e segue vivendo sua vida em uma Gotham City ainda mais distópica do que nos acostumamos a ver. Entretanto, um dia, depois de uma visita ao Beco do Crime, Wayne passa a ser atormentado pela visão de seus pais assassinados e é provocado a reassumir o papel de Batman e combater uma cidade completamente tomada pelo crime e por gangues.
O morcegão decide retornar à ativa no mesmo instante em que Harvey Dent, o Duas-Caras – agora recuperado da mutilação que fez com que perdesse a sanidade -, tenta explodir parte de Gotham com uma bomba. A partir deste primeiro episódio, vemos a ascensão de um outro Batman – que não se importa em partir a coluna de um lider de gangues diante de uma platéia, quebrar o pescoço do Coringa ou mesmo de meter uma botinada nas fuças do Superman.
Na verdade, Batman: O Cavaleiro das Trevas poderia ter sido o nosso primeiro lugar, seja pelo impacto causado ao personagem e às Histórias em Quadrinhos. Mas, só porque o Frank Miller ousou pensar em um Batman: O Cavaleiro das Trevas 2, não levará o caneco por aqui…
1. Batman: A Piada Mortal
Esta, a meu ver, é a história definitiva de Batman. Não apenas por apresentar a gênese de seu principal vilão, nem por mostrar como os dois se completam e reajem, mas, sobretudo, por apresentar um carrossel de eventos que culminam em uma interrogação; em algo aberto.
Em linhas gerais, Batman: A Piada Mortal, de Alan Moore e Brian Bolland, é uma história do Coringa e de como ele e o Batman batalham sobre uma linha tênue. Não é por acaso que a HQ começa e termina com o mesmo quadro e, no vigésimo quinto quadro, o Batman entrega o que inevitavelmente acontecerá em algum momento entre os dois.
Nunca entendi por que nosso relacionamento é tão mortal, mas não quero ter a sua morte nas minhas mãos – afirma o Batman logo nas primeiras páginas para alguém que se passa pelo Coringa no Asilo Arkham.
Batman: A Piada Mortal é uma aventura sobre vida e morte e sobre o que estas duas condições provocam em dois personagens em uma escalada antagônica. Uma das minhas cenas favoritas é o Carrossel do Comissários Gordon: um passeio único preparado pelo Coringa para quebrar um de seus mais conhecidos algozes enquanto espera o Batman para o resgate.
O que vemos, portanto, em Batman: A Piada Mortal é um carrossel de eventos que nos leva, no fim, a uma das mais impressionantes discussões que já tomaram as Histórias em Quadrinhos, quando Grant Morrison sugere que Alan Moore faz com que o Coringa seja morto pelo Batman e que a tal Piada Mortal do título é este arranjo final.
Enfim, Batman: A Piada Mortal é um clássico, uma história poderosa do início ao fim e, sem medo de errar, a minha favorita de todos os tempos.