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True Detective e o início de uma outra tensa e estranha jornada…

True Detective - Trecho Abertura

O que poderíamos dizer sobre o início desta segunda temporada de True Detective, meus amigos? Depois de uma primeira temporada que ficou marcada a ferro nas retinas de meio mundo – até daqueles que ainda teimam em nutrir descrença quanto a esta tal Idade de Ouro da Televisão – o que Nic Pizzolatto, criador e showrunner da série, poderia nos oferecer? Bem, em uma resposta rápida: outra espiral de personagens auto-destrutivos, eventos estranhos/esquisitos e algumas mortes, claro.

O episódio de estréia da nova temporada, The Western Book of The Dead, periga colocar em curso uma nova jornada literário-televisiva como aquela que, na primeira temporada, obrigou um sem número de neófitos a se esgueirarem pelas artimanhas ficcionais de Robert W. Chambers, sua mitologia de Carcosa e seu Rei de Amarelo: há um livro estranho – na verdade, dois – que se veste com as mesmas cores existenciais e que aparentemente atravessa algo da trama. Mas, creio, o que na primeira temporada parecia uma linha que atravessava uma trama, este tal Livro dos Mortos não terá muita serventia…

Há uma atmosfera frágil e tensa quando somos apresentados ao detetive Ray Velcoro (Collin Farrell) enquanto deixa seu filho na escola: já ali poderíamos cortar a tela, tamanha a tensão que toma conta dos primeiros minutos da série. Uma tensão que se mantém quando percebemos o nascimento do aparente entendimento entre Velcoro e o gangster – e sugerido vilão – Frank Semyon (Vince Vaughn).

São também tensas as apresentações dos também policiais Ani Bezzerides (Rachel McAdams) e Paul Woodrugh (Taylon Kitsch) – ambos envolvidos por uma componente sexual que, bem, se desenvolverá durante os próximos capítulos. A personagem de McAdams, no entanto, já demonstra uma complexidade aparente quando somos apresentados a seu pai – um guru Eliot, interpretado por David Morse – e ao verdadeiro nome da personagem: Antigona… A partir daí, façam suas apostas para mais um carrossel literário-televisivo.

truedetective_s0201aPara muitos, o primeiro episódio desta primeira temporada certamente parecerá algo tanto morno… Porém, especialmente para os que assistiram o primeiro episódio da primeira temporada de True Detective antes de seu hype, esta é a natureza da série e do desenvolvimento de seus diversos núcleos: cada personagem mostrado em suas nuances e particularidades; cada evento desenvolvendo mais e mais aqueles envolvidos pela trama. Talvez por isso a direção de Justin Lin neste primeiro episódio da segunda temporada da série mostre pouco do que pretende.

O grande mérito deste primeiro episódio – e da direção de Lin – foi a manutenção das diferentes tensões que envolvem os personagens e a convergência destas até o pretenso “climax” final. Assim, quando no último momento todos os integrantes deste novo embate entre gatos e ratos se colocam dispostos no limite entre duas cidades e diante do corpo de um até agora desconhecido e excêntrico Ben Caspere, o que podemos apenas dizer é que os capítulos desta trama que emula os limites do que é viver e morrer neste ocidente prometem muito…

Assim, que venham os próximos capítulos deste novo movimento de Nic Pizzolatto em sua busca por superar o sucesso de sua primeira cria, porque, mesmo cedo, dada a disposição dos jogadores, esta nova temporada de True Detective aparenta reservar algumas boas surpresas…

PS. Somente pela abertura, a série já ganha todos os pontos possíveis para tal quesito: mantiveram o nível da anterior e a expandiram…

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